BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico: o que é como se faz. EDIÇÕES LOYOLA, São Paulo, Brasil, 1999.
189p.
MARCOS BAGNO, tradutor, escritor e lingüista, é Doutor em Filologia e Língua Portuguesa ela Universidade de São Paulo (USP). Professor de Lingüística do Instituto de Letras da Universidade de Brasília publicou A língua de Eulália: novela sociolinguistica (Ed. Contexto, 1997; em 13ª ed.); Preconceito linguístico: o que e, como se faz (Ed. Loyola, 1999; em 15ª ed.); Dramática da língua portuguesa (Ed. Loyola, 2000; em 2ª ed.); Português ou brasileiro? Um convite a pesquisa (Parábola Ed., 2001; em 2ª ed.); Língua materna: letramento, variação e ensino (Parábola Ed., 2002). Além desses títulos, é autor de duas dezenas de obras literárias.
Recebeu em 1988 o Prêmio Nestlé de Literatura Brasileira e, em 1989, o Prêmio Carlos Drummond de Andrade de Poesia, entre outros. Selecionou e traduziu os artigos reunidos em Norma linguística (Ed. Loyola, 2001). Traduziu Historia concisa da linguística, de Barbara Weedwood (Parábola Ed., 2002), além de dezenas de obras científicas, filosóficas e literárias de autores como Balzac, Voltaire, H. G. Wells, Sartre, Oscar Wilde, etc. Vem se dedicando à investigação das implicações socioculturais do conceito de norma, sobretudo no que diz respeito ao ensino de português nas escolas brasileiras.
O autor fala que hoje nós brasileiros temos tentado de todas as formas acabarem com qualquer que seja o preconceito, mas estamos esquecendo o “preconceito linguístico” que vem sendo “alimentado diariamente em programas de televisão e de rádio, em colunas de jornal e revista, em livros e manuais que pretendem ensinar o que é “certo” e o que é “errado”, sem falar, é claro, nos instrumentos tradicionais de ensino da língua: a gramática normativa e os livros didáticos.” Fala também que isso já acontece naturalmente devido ao preconceito de inferioridade que o brasileiro tem de si mesmo.
Ele fala sobre alguns mitos e inicia com o mito de que no nosso país temos uma unidade na língua portuguesa falada. O que de fato é errado dizer, pois temos muitas variações e muita distancia entre um e outro. Bagno fala que até alguns autores renomados se confundem e defendem a idéia que temos essa unidade. O problema é que isso já vem de muito acima de nós, pois a própria constituição está escrita em um português que a grande massa não entende e fala que todos os brasileiros são iguais, mas a maioria não tem acesso à língua culta.
Isso é devido a alguns fatores como a desigualdade social e a grande faixa territorial que é o nosso país. “Como a educação ainda é privilégio de muito pouca gente em nosso país, uma quantidade gigantesca de brasileiros permanece à margem do domínio de uma norma culta. Assim, da mesma forma como existem milhões de brasileiros sem terra, sem escola, sem teto, sem trabalho, sem saúde, também existem milhões de brasileiros sem língua. Afinal, se formos acreditar no mito da língua única, existem milhões de pessoas neste país que não têm acesso a essa língua, que é a norma literária, culta, empregada pelos escritores e jornalistas, pelas instituições oficiais, pelos órgãos do poder — são os sem língua.”
O mito número dois fala que “Brasileiro não sabe português / Só em Portugal se fala bem português”. Esse mito ainda muito forte nos nosso meio é também porque queremos que nosso português brasileiro seja igual ao português europeu. O que acaba causando um mal estar e uma controvérsia muito grande, pois o Brasil tem que falar a sua própria língua e não ficar preso a uma linguagem que foi ensinada quando os Peros vieram para cá.
O que vemos com isso é que ainda com o nosso desenvolvimento bem expressivo acreditamos na frase que diz: “santo de casa não faz milagres”. O que nos cabe é correr atrás, na frente ou até mesmo do lado para apresentar a nossa língua para a grande massa para não ficarmos imitando sempre outro povo. “Imagine agora se algum de nós, brasileiros, disser por aí frases como “estou a comer”, “ela está a telefonar”, ”Pedro esteve a trabalhar muito”, que é uma das características mais marcantes do português de Portugal! Como não me canso de repetir, são simplesmente diferenças de uso — e diferença não é deficiência nem inferioridade.”
No caso do terceiro mito que é “Português é muito difícil”, o autor diz que se trata de uma afirmação não correta de se dizer, pois todos que nascem no Brasil sabem o português até mesmo as crianças que ainda são analfabetas, pois nascem rodeadas de pessoas falando essa língua. No caso da gramática sim, essa é muito difícil, pois é cheia de armadilhas e regras que ninguém lembra e siglas difíceis de se lembrar.
O problema é que há um “policiamento” em relação a falar e escrever corretamente com uma norma que foi colocada em vigor há cem anos e querem que nós façamos sempre da forma com que eles acham correta.
No quarto mito que é “As pessoas sem instrução falam tudo errado”. O autor fala sobre o porquê algumas palavras como planta, placa e chiclete são faladas de outra maneira pelas pessoas que moram mais no interior. Porque essas pessoas são em sua totalidade marginalizadas e não vão à escola para aprender esse português rebuscado que se ensina nas escolas.
O quinto mito “O lugar onde melhor se fala português no Brasil é o Maranhão”, neste o autor fala que no Maranhão e mais alguns lugares do nosso Brasil, falam-se algumas palavras e usam-se algumas preposições como TU, que já deveriam estar na rua das palavras arcaicas.
O sexto mito “O certo é falar assim porque se escreve assim”, o autor fala sobre a forma de se escrever nunca vai expressar a forma de se falar, pois um grito é muito mais expressivo do que a mesma palavra escrita. O autor da o exemplo da palavra fogo que pode ser falado de várias maneiras se colocarmos emoções e sentimentos para falarmos, mas quando vamos tentar escrever essa mesma palavra com os mesmos sentimentos, não conseguimos expressar o que falamos, pois temos no máximo o ponto de exclamação e o de interrogação.
Hilquias Gurgel
189p.
MARCOS BAGNO, tradutor, escritor e lingüista, é Doutor em Filologia e Língua Portuguesa ela Universidade de São Paulo (USP). Professor de Lingüística do Instituto de Letras da Universidade de Brasília publicou A língua de Eulália: novela sociolinguistica (Ed. Contexto, 1997; em 13ª ed.); Preconceito linguístico: o que e, como se faz (Ed. Loyola, 1999; em 15ª ed.); Dramática da língua portuguesa (Ed. Loyola, 2000; em 2ª ed.); Português ou brasileiro? Um convite a pesquisa (Parábola Ed., 2001; em 2ª ed.); Língua materna: letramento, variação e ensino (Parábola Ed., 2002). Além desses títulos, é autor de duas dezenas de obras literárias.
Recebeu em 1988 o Prêmio Nestlé de Literatura Brasileira e, em 1989, o Prêmio Carlos Drummond de Andrade de Poesia, entre outros. Selecionou e traduziu os artigos reunidos em Norma linguística (Ed. Loyola, 2001). Traduziu Historia concisa da linguística, de Barbara Weedwood (Parábola Ed., 2002), além de dezenas de obras científicas, filosóficas e literárias de autores como Balzac, Voltaire, H. G. Wells, Sartre, Oscar Wilde, etc. Vem se dedicando à investigação das implicações socioculturais do conceito de norma, sobretudo no que diz respeito ao ensino de português nas escolas brasileiras.
O autor fala que hoje nós brasileiros temos tentado de todas as formas acabarem com qualquer que seja o preconceito, mas estamos esquecendo o “preconceito linguístico” que vem sendo “alimentado diariamente em programas de televisão e de rádio, em colunas de jornal e revista, em livros e manuais que pretendem ensinar o que é “certo” e o que é “errado”, sem falar, é claro, nos instrumentos tradicionais de ensino da língua: a gramática normativa e os livros didáticos.” Fala também que isso já acontece naturalmente devido ao preconceito de inferioridade que o brasileiro tem de si mesmo.
Ele fala sobre alguns mitos e inicia com o mito de que no nosso país temos uma unidade na língua portuguesa falada. O que de fato é errado dizer, pois temos muitas variações e muita distancia entre um e outro. Bagno fala que até alguns autores renomados se confundem e defendem a idéia que temos essa unidade. O problema é que isso já vem de muito acima de nós, pois a própria constituição está escrita em um português que a grande massa não entende e fala que todos os brasileiros são iguais, mas a maioria não tem acesso à língua culta.
Isso é devido a alguns fatores como a desigualdade social e a grande faixa territorial que é o nosso país. “Como a educação ainda é privilégio de muito pouca gente em nosso país, uma quantidade gigantesca de brasileiros permanece à margem do domínio de uma norma culta. Assim, da mesma forma como existem milhões de brasileiros sem terra, sem escola, sem teto, sem trabalho, sem saúde, também existem milhões de brasileiros sem língua. Afinal, se formos acreditar no mito da língua única, existem milhões de pessoas neste país que não têm acesso a essa língua, que é a norma literária, culta, empregada pelos escritores e jornalistas, pelas instituições oficiais, pelos órgãos do poder — são os sem língua.”
O mito número dois fala que “Brasileiro não sabe português / Só em Portugal se fala bem português”. Esse mito ainda muito forte nos nosso meio é também porque queremos que nosso português brasileiro seja igual ao português europeu. O que acaba causando um mal estar e uma controvérsia muito grande, pois o Brasil tem que falar a sua própria língua e não ficar preso a uma linguagem que foi ensinada quando os Peros vieram para cá.
O que vemos com isso é que ainda com o nosso desenvolvimento bem expressivo acreditamos na frase que diz: “santo de casa não faz milagres”. O que nos cabe é correr atrás, na frente ou até mesmo do lado para apresentar a nossa língua para a grande massa para não ficarmos imitando sempre outro povo. “Imagine agora se algum de nós, brasileiros, disser por aí frases como “estou a comer”, “ela está a telefonar”, ”Pedro esteve a trabalhar muito”, que é uma das características mais marcantes do português de Portugal! Como não me canso de repetir, são simplesmente diferenças de uso — e diferença não é deficiência nem inferioridade.”
No caso do terceiro mito que é “Português é muito difícil”, o autor diz que se trata de uma afirmação não correta de se dizer, pois todos que nascem no Brasil sabem o português até mesmo as crianças que ainda são analfabetas, pois nascem rodeadas de pessoas falando essa língua. No caso da gramática sim, essa é muito difícil, pois é cheia de armadilhas e regras que ninguém lembra e siglas difíceis de se lembrar.
O problema é que há um “policiamento” em relação a falar e escrever corretamente com uma norma que foi colocada em vigor há cem anos e querem que nós façamos sempre da forma com que eles acham correta.
No quarto mito que é “As pessoas sem instrução falam tudo errado”. O autor fala sobre o porquê algumas palavras como planta, placa e chiclete são faladas de outra maneira pelas pessoas que moram mais no interior. Porque essas pessoas são em sua totalidade marginalizadas e não vão à escola para aprender esse português rebuscado que se ensina nas escolas.
O quinto mito “O lugar onde melhor se fala português no Brasil é o Maranhão”, neste o autor fala que no Maranhão e mais alguns lugares do nosso Brasil, falam-se algumas palavras e usam-se algumas preposições como TU, que já deveriam estar na rua das palavras arcaicas.
O sexto mito “O certo é falar assim porque se escreve assim”, o autor fala sobre a forma de se escrever nunca vai expressar a forma de se falar, pois um grito é muito mais expressivo do que a mesma palavra escrita. O autor da o exemplo da palavra fogo que pode ser falado de várias maneiras se colocarmos emoções e sentimentos para falarmos, mas quando vamos tentar escrever essa mesma palavra com os mesmos sentimentos, não conseguimos expressar o que falamos, pois temos no máximo o ponto de exclamação e o de interrogação.
Hilquias Gurgel










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